NOTÍCIAS

domingo, 10 de abril de 2011

Denúncia Policial

Uma das instituições que fazem parte do Núcleo de Articulação de Educadores Sociais de Rua e realiza um forte trabalho de educação social com crianças e adolescentes que se encontram em situação de moradia de rua na área do centro da cidade de Fortaleza,
formalizou uma denúncia de violência policial presenciada por seus educadores sociais de rua.

No dia seis de agosto de 2010, durante ação pedagógica na rua, a equipe da Pastoral do Menor presenciou a ação ARBITRÁRIA E TRUCULENTA de dois policias militares. Identificados aqui como Policial L. e Policial F.
No momento em que educadores sociais realizavam uma atividade com dois adolescentes, a fim de construir com estes possibilidades para o retorno a vida familiar e á cidadania, os dois policiais abordaram os adolescentes no meio da atividade dos educadores, levaram os dois garotos para dentro da cabine policial que fica na praça da estação, centro da cidade, e deram início a seção de tortura.
Segundo o educador que estava realizando a atividade e foi testemunha da violência policial "Estávamos aguardando o transporte para uma atividade educativa, um passeio, e construindo acordos de convivência... Um dos adolescentes tocava um pandeiro e cantava músicas de capoeira. O outro conversava conosco, de repente surge o policial F. mandando o menino entregar o pandeiro e os carrega pela gola da camisa até a guarita no centro da Praça da Estação". A equipe de abordagem seguiu até o local e conforme se aproximaram ouviram o barulho das pancadas e os gemidos dos adolescentes. "O policial L. veio ao nosso encontro, enquanto o policial F. seguia falando e batendo nos jovens, perguntamos a ele o motivo da ação e ele respondeu que aqueles adolescentes praticavam roubos e furtos na praça e também haviam feito gestos obscenos para eles, 'mostrando o pênis'. Indagamos por que os adolescentes não foram então apreendidos e levados a delegacia e o policial L. afirmou que não havia lugar para estes jovens. Respondemos que este não era o procedimento adequado e enquanto falávamos o outro policial intensificava a tortura nos adolescentes. Informamos ao policial que iríamos fazer a denúncia do fato aos órgãos competentes e ele respondeu que 'ficássemos à vontade' para denunciar”.
Segundo o relato, apenas neste momento foi que os policiais soltaram os adolescentes, estes fugiram e os educadores foram ao seu encontro. Encontraram os adolescentes com as mãos vermelhas, inchadas e muito agitados. Eles relataram aos educadores que o policial F. propôs dar dez reais para que eles não fossem à atividade com os educadores.
Os adolescentes até pediram que a equipe de abordagem não fizesse a denúncia porque estavam com medo de retaliação contra eles, por conta dos policiais também tê-los ameaçados para que não fizessem nenhum tipo de denúncia.

Manifestamos nosso repúdio a esta ação DESASTROSA que desrespeitou o processo educativo e de redução de danos em curso, além do desrespeito a Constituição Federal, ao Estatuto da Criança e do Adolescente e aos próprios educadores sociais no exercício de sua atividade.

Admiramos a coragem e persistência da Pastoral do Menor por mais uma vez estar na luta para que os direitos das Crianças e Adolescentes sejam garantidos.

Dia 26 de Abril ocorrerá à audiência pública para que possamos responsabilizar estes policiais.